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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Back to basics

Voltei.

Depois de quase cinco anos (agora me senti velha) do falecimento do meu querido e saudoso esconderijo, resolvi voltar a escrever. Meio inspirada pela minha nova vida, em um novo lugar; meio inspirada e incentivada por meus amigos blogueiros/escritores/poetas/publicistas/palpiteiros.

Muitas razões me trouxeram de volta a este mundo, tanto de ordem espiritual e poética como também de cunho totalmente prático.

No último ano, a minha vida mudou radicalmente (e aqui também já faço uma retrospectiva pessoal de 2009 - não por acaso esse blog começa no último dia do ano). Após anos sonhando acordada no trânsito e guardando dinheiro, eu finalmente alcancei o meu graaande sonho (ou grande plano?) de vir a Barcelona. Comecei o ano como uma jovem advogada de promissora carreira em um grande escritório de advocacia de São Paulo, e dele saio como uma estudante estrangeira em Barcelona de futuro próximo incerto, que divide o tempo que tem entre os trabalhos do mestrado, amigos novos e a faxina do banheiro. Com uma mudança de tamanhas proporções e com uma engrenagem que trabalha 24-7 dentro da parte filosófico-existencial da minha cabeça, nada mais justo que eu registre o que me acontece nesse período. Pra mim. Por mim.

Além deste principal motivo, também resolvi que precisava treinar a escrita, e manter vivo o meu português. É, um motivo prosaico, de total ordem prática. Fato: advogado tem que saber escrever. Advogado tem que saber organizar ideias, construir argumentos bem sustentados. Advogado tem que ser criativo.

E mais do que advogado: eu amo meu idioma (agora começa a parte poética da parte prosaica). Depois de quase quatro meses aqui nestas terras e de uma megaübexposição a vários idiomas, aprecio cada vez mais a última flor do Lácio, exatamente com o sotaque que me deu a minha querida terra, que eu tantas vezes justa ou injustamente maldisse. Cada palavra, cada som, a riqueza de todos eles... E a falta que eu sinto de escutá-la pela rua, quão agradável que é... E que sorte, Deus, que sorte de ser por ela que eu me comunico, de ser por ela que eu melhor me expresso! Não posso perdê-la, simplesmente não posso. Porque nenhuma vai me satisfazer como ela, nunca: linda, assim, e quase completamente dominada por mim? É um tesouro, uma joia que eu tenho que guardar bem. Sim, porque depois de esses quase quatro meses, continuo com um espanhol imperfeito e intermediário, um catalão inexistente e um inglês que definha num país em que a política cultural de dublagem de filmes e séries não evoluiu muito desde a ditadura... Não, ao português eu me agarro, com amor (quase) igual ao de Camões ao agarrar-se a'Os Lusíadas quando naufragou seu barco em algum lugar do Oriente.

Tudo isso não cabia mais no hide-out. Depois de cogitar reavivá-lo, percebi que ele já tinha cumprido sua função, em tempos distintos e com vivências distintas. O hide-out é um registro histórico de uma das épocas mais difíceis e metamórficas da minha vida. Eu o matei porque sua função terminou. Viva o hide-out; longa vida ao hide-out. Essa nova etapa pedia um novo espaço, um novo lugar.

E cá estou: num novo espaço físico, num novo lugar mental, numa outra posição de vida. Mas ainda a Lola. Que como dizia aquele doido dos óculos escuros, continua, como qualquer bom mortal, sendo aquela metamorfose ambulante. Terminando 2009 assim, como o Barça: tot guanyat, tot per guanyar. Sonho alcançado, novos planos a traçar. Que venha 2010.