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domingo, 3 de janeiro de 2010

Eu preciso dizer que te amo (ou o Samba d'El Prat)

Oi. Tudo bem?



Tô escrevendo pra te desejar feliz ano novo e... Ok, na verdade tô te escrevendo prá gente ter uma conversa. Uma conversa que eu quero ter contigo faz tempo.

Já tem uns meses que a gente se afastou. Tá bom; tem uns meses que eu te deixei. Nunca na vida ficamos tanto tempo longe. Eu tô com saudades de você. Mas saudades, tipo assim, tá bom do jeito que tá. Desculpa, ainda que você torça o rosto, eu vou ser sincera. Não posso te dizer que eu tô sofrendo; eu tô melhor do que estava nos últimos tempos contigo.

Você deve estar brava comigo, e eu acho que talvez você até tenha seu quinhãozinho de razão. Nem sei se sente a minha falta; com tantos amores, é bem possível que não, que eu fosse só mais uma pra você. Não, não acredito nisso. Não era só mais uma. Eu sou você. Você é parte de mim; eu, de ti. A gente tem essa relação simbiótica que sempre funcionou.

Mas você bem me conhece. Sabia que eu ia te deixar cedo ou tarde. Não porque eu não te ame: eu amo. Eu te amo. De todo o meu coração e com toda a honestidade, me dispo aqui de qualquer orgulho: eu te amo demais. Você me deu tudo o que eu tenho hoje, você me formou a pessoa que eu sou. Eu te carrego comigo e sempre vou carregar. Eu sou você. Um rascunho parcial e muito mais jovem, mas ainda assim você; no caos, na multiplicidade de identidades, na complexidade. E por isso mesmo, por compartilhar de uma alma igual à tua, é que eu busco mais, o diferente.


E você vinha me exigindo muito. A relação não andava bem e você sabe disso. Você me maltratou e me envelheceu. Você me tomou tempo demais, dinheiro demais. Sabia que eu ia te deixar, e dificultou a minha saída, fez as coisas mais complicadas, colocou obstáculos. Mas teu coração é mole, chuchu. Ainda assim me deixou ir! Sentia também que eu precisava experimentar mais... Tinha sido só você até então, né?

Não vem com essa de que foi paixonite, ilusão adolescente. Eu a conheci há dois anos e meu coração disparou. Tem razão, um pouco de paixonite adolescente, mas depois eu aterrei um pouco e planejamos estar juntas. Pensava nela todos os dias. Contigo e pensava nela. Não me odeie por isso, tem coisas que a gente não controla. Você estava me judiando. Eu não estava pronta pra toda essa cobrança, por isso te pedi esse tempo. Antes de nos comprometermos mais, antes do negócio ficar mais sério... Sou nova ainda. Precisava de track record. Precisava de outro alguém, diferente de você.


Sim, ela é linda. Linda por natureza, inteligente, culta, alegre, divertida, moderna. Ela é tudo isso e eu tô amando estar com ela. É período de lua-de-mel, eu sei que logo vai acabar. Só que eu tenho certeza que nosso amor vai sobreviver à rotina. Eu já vi os defeitos dela; talvez só alguns, outros aparecerão com o tempo. Mas os que eu conheço eu tolero bem. E nesse clima de fim de um ano e resoluções para o próximo, comecei a pensar no futuro e algo que eu já tinha sentido antes tomou mais forma. Tenho que te falar; eu... euqueroficarcomela. Pronto, falei!! Eu quero ficar mais tempo com ela. O quão eterno seja esse amor, eu quero desfrutar dele. Se ela vai me dar chance de continuarmos? Bom, ainda não sei. Eu acho que sim. Eu espero que sim. Vou tentar.


Eu ia te visitar nas festas e te falar tudo isso ao vivo. Com ela, acabei conhecendo muita gente na mesma situação que eu, mas que espera voltar. E que visitou as suas nas festas. Comigo é diferente. Tenho que te falar que não sei se te quero outra vez. Não sei se ficarei pra sempre com ela, isso a gente nunca sabe, e também não vou te dizer que não posso mudar de idéia e querer estar contigo de novo. Isso tudo é tão incerto como só o futuro pode ser. Eu posso te falar apenas do que eu sinto.

Tô divagando; queria dizer que não pude te visitar. E que droga foi. E que difícil foi. Nem era com ela que eu estava; estava com outra, dita a mais linda do mundo. E daí? Não teve graça, eu queria estar contigo. Imagino o quão linda você deveria estar. Você se enfeita, se veste do que há de mais elegante. Arrependo-me de não ter dito a você todas as vezes o quão linda você estava. Dizer-te que me seduzias, apesar de tudo. Dizer-te o quanto eu te amo.

Ela é linda, mas você também é, e isso eu nunca neguei. Mais linda? Depende da perspectiva, ela tem uma beleza mais óbvia, você tem algo mais profundo, enigmático, que admira só quem te conhece de verdade. Ora, mais deixa de ser superficial! Você é mais que ela em tudo. Ela se acha grande, enorme, porque não te conhece. Você dá tudo pra todo mundo, o que quisermos, a todo tempo. Você tem mais ao seu redor, você é mais complexa, você é maior, bem maior. Ela se acha grande e difícil; eu a vejo pequena e simples, porque tenho a ti para comparar.


Eu imagino que você não possa me dizer que não vai guardar rancores. Mas certamente você entende, entende que eu não posso, ao menos não agora... Preciso de algo mais simples que teu caos, tua desordem. Você é uma bagunça total, eu preciso de um pouco de paz.

Mas eu vou te visitar esse ano, viu? Ainda que, assim espero, ela me queira por mais tempo, pra mais. Eu vou te ver, até porque deixei contigo meus tesouros, né? Tá com você o que eu tenho de mais precioso. Viu como confio em ti? Deixei toda a fortuna que tinha com você, pra tentar nova fortuna com outra. Acho que há um quê de razão em quando não-sei-quem disse que existe apenas uma fina linha que separa a coragem admirável da extrema tolice. Melhor eu pensar que sou corajosa. Até porque sei que não vou te perder. Sei que você vai pacientemente me esperar, cuidando dos seus outros amores enquanto eu não venho. Sozinha você não fica, querida. Não, não, nem se você quisesse!

Assim também te dou um tempo pra que você se recupere. Sei que tá cada vez mais duro pra você e é só por isso que você machuca os que te amam, porque também te pedimos muito. Calma, querida. Você já está sendo cuidada. Coopera. Eu quero te encontrar melhor, mais feliz, mais leve quando te visite.



São Paulo, meu amor, desculpa, mas esse ano eu quero estar em Barcelona.

Um comentário:

  1. Oras, Lola... e você não sabe que esse é o grande mérito da minha namoradinha? Ela deixa ir... e depois recebe de volta de braços abertos.

    Como uma velha cortesã que prepara seus concubinos para futuros amores.

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